domingo, 22 de agosto de 2010

Desafio


Hoje à tarde minha mãe estava organizando sua bolsa e, como todos sabem, algumas bolsas femininas contêm um mundo de coisas... Bem, a bolsa da minha querida rainha é uma dessas! (Risos) Dentre maquiagens, contas a pagar, moedas, chaves e papéis de balas foi avistado por mim um cartãozinho com os dizeres que estão acima desse texto. Achei revigorante ler essas palavras que, de tão simples, parecem facéis de se seguir... Foi intrigante também compreender o quanto os ensinamentos deixados pelo sr. Martin Luther King são recheados de ternura e, ao mesmo tempo, de desafio. O desafio é para que façamos o conformismo levar um tombo alto, ou melhor, pra que possamos dar um pontapé bem forte de modo a jogá-lo penhasco abaixo. Somos levados também a refletir sobre nossa perseverança... Sobre a força motriz que move nossos pensamentos e os converte em ações, não esquecendo que tudo aquilo que é feito tem repercussão, pois até o silêncio e a inércia querem dizer alguma coisa. Isso me faz lembrar das pessoas que dizem não se incomodar com o mundo por não acreditarem que algo pode mudar e que elas podem representar alguma mudança. Parece-me que alguns só consideram  mudança algo de grandes proporções imediatas; um evento capaz de manobrar um (des)caminho de toda a história... Reutilizando a palavra desafio, o convite que a natureza nos faz, bem como o apelo que Luther King, em suas palavras mais que vivas, é para que a mudança seja percebida como a partida do mais íntimo para o mais externo e que, o deserto é composto de grãos de areia, assim como o oceano só o é pela junção de gotas d'água. Comecemos pelo mais simples e chegaremos ao mais complexo. Mudemos a nós mesmos e já estaremos mudando o mundo.

"Vós sois o sal da terra e a luz do mundo." Marcos 9, 50.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Pulsação

Apesar de tudo...

"PULSO ainda PULSA
E o corpo ainda é pouco / Ainda pulsa
Ainda é pouco / Assim..."

Arnaldo Antunes - O Pulso


Depois de tanto macular momentos

Atirando palavras ao mar agitado

Após tantos atritos e tormentos

Rompendo o limite temporal

"O pulso ainda pulsa

ainda pulsa..."


O amanhã...

O dia se vai
A tarde também dá sinais de partida
Antes do recomeço vem a noite
Sorrateira, traz uma lua errante
Ilumina, pois, o suficiente pra se amar
As quimeras precisam ser alimentadas
E o corpo carece de mais, sempre mais
Com sapato velho
Não se galgam novos passos
Mas é preciso ter calma, muita calma
O amanhecer precisa ser recebido com festa
Despido de todas as armaduras
Distante de todas as armadilhas
Junto de toda sofreguidão à espreita
Com a ânsia de ter
À espera de viver
Uma legítima festa interior.

*Escrito ao som de Caruso - Lucio Dalla.

Dilema

Há momentos em que você gostaria que todas as coisas das quais amou, julgou serem corretas, quis com tanta intensidade, caíssem num ostracismo frio e cruel. Seria fácil esquecer? Às vezes as sinapses parecem trabalhar ao inverso do querer mais íntimo e racional. As pontes dos pensamentos travam um ballet de ilusões dentro de uma ilha editada de lembranças. Os sonhos... O que seriam? É possível pensar no próximo mais do que em si? E o ego, seria bom que ficasse ao léu? Parece que se vive em extremos. Ou é meu... ou é seu! Ou sou eu... ou é você! O fato é que chegar ao meio termo não é tão fácil, sequer controlar o que se sente ou como/quando se age, porque o mundo não é o que se pode ver, e sim o que está escondido dentro de cada um... O que é manifestado entre fibras e pulsações; o que é vivo entre sorrisos e lágrimas.
Trata-se do milagre-dilema de saber/não-saber o que o mundo realmente quer, se é que ele nos quer.

Vazio

O vazio incomoda
Mas o cheio entorpece
.
.
E olhos de Perséfone não ajudam a desvendar
O que traz a rigidez de um pensamento
Que joga espumas ao vento
Sem perceber que vazio não se preenche com vazio
E que até o nada contém alguma coisa.
Palavras exiladas não irão decifrar
A ânsia de descrever
A loucura incidente no pensar
Que deixa frestas bem abertas
Pro mínimo de luz sempre passar.


Alívio

Vê-se ainda um prego rugoso e um parafuso liso
Meio à multidão nem todos se confundem
Ainda bem.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Levemente...


Como pássaro a alçar voo raso, inicio eu, sem grandes pretensões, a externização de um conjunto de pensamentos que, até agora, bailavam tango ao som de samba.

Sintam-se à beira do rio de águas caudalosas que em mim habita e, ao mesmo tempo, vítimas de um saudosismo intrigante, que rompe as barreiras do vocabulário e finca raízes no amanhã.